janeiro 13, 2011

" O que ainda virá. "



Chove lá fora,
o barulho respinga no quarto.. junto com a  goteira do teto da cozinha.
Cada gota, e cada lágrima, deságuam num mesmo instante .. sincronizadas; exatas;
uma doce e uma salgada.
Em meu peito inunda um sentimento indefinido, disforme, desconjunto.
No pensamento há enxurradas de lembranças e perguntas sem pontos de interrogação;
agora meus “porquês” viram exclamação de perplexidade com o meu mal querer.
Existe um culpado, e este sou eu,
presa a sentimentos imóveis, fatos fantásticos, criados pela linha perdida do meu coração.
Lá fora ainda chove, e no vidro embaçado eu traço um sonho com meu dedo.
“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só”; então com a palma da mão eu apago meu sonho  vão...
Rabisco um ponto, um rosto e um riso.
Não sei bem onde foi que eu parei, nem o quanto caminhei;
Não sei ao certo quando minha bússola parou de funcionar ...
deixou de me orientar.
O meu “eu” descontrolado parou de rodopiar, em meio a tonteira, de novo, tento me equilibrar;
Meus pontos cardeais agora são meus olhos, minhas pernas,meus braços e minha paz.
Não digo “tchau pra sempre”, nem “adeus”, nem “nunca mais”;
Despeço-me do vácuo .., do cilindro de uma cega visão...
Hoje cresço mais um pouco ..enterro meu medo e minha ilusão.
A chuva agora cai fina .. mansa..silenciosa..
Algumas gotas explodem... outras apenas escorrem.
Assim também uma ultima lágrima escorreu;
Antes do sono que tardou a chegar ...
Sono que traz meus sonhos ...
Sonhos do que ainda virá.